O quão longe estamos da ficção cientifica? Resenha de Her (2013), de Spike Jonze.

"Eu nunca amei ninguém do jeito que eu amo você."

Her ou Ela -em português-, é um filme feito para corações machucados. Não é um filme para iniciantes nessa corrida que chamam de amor. É feito pros que colecionam fraturas e arranhões. É feito pra quem sabe a dor de amar e perder e se você não é um desses, sinto-lhe dizer mas o filme não surtirá os mesmo efeitos.

A trama se inicia na era dos sistemas operacionais inteligentes, esses que tem personalidade e voz humana. Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor de cartas profissional compra esse novo "OS" e recebe Samantha (voz de Scarlett Johansson) como sua personalidade. O drama está ai, Theodore que está cicatrizando de sua separação se encontra apaixonado por Samantha, um computador, uma máquina, uma projeção. O quão longe estamos da ficção cientifica? 

Spike Jonze é o rei das metáforas cinematográficas, por isso minha paixão pessoal pelo diretor. E porque em Her seria diferente? Mas não é mesmo. Jonze cria um mundo, não tão distante do nosso que reflete nossas razões passionais. Amamos cada vez mais superficialmente seja por desejo de perfeição ou goles de updates em redes sociais. Maioria das vezes nem se quer nos encontramos pessoalmente e assim 80% do relacionamento fica virtual, como se fossemos maquinas, respondendo por voz ou vídeo -e isso quando não é escrito. Amor físico virou exceção. E no fim o mais intrigante: seriamos nós, Theodores ou Samanthas? Fingimos ou caímos no fingimento?

Um drama de cabeceira. Para vermos periodicamente e nunca nos esquecermos de quem somos, para suspirar novamente com cada personagem e chorar se preciso for. Feito pra acalentar e atentar, mas feito também pra apaixonar. Her é a mais perfeita tradução de amor na era digital.

É um filme que te da tantos socos que você apenas pausa a cada 20 minutos pra respirar.